Mais do que objetivo, um propósito de vida.
Parodio, em minhas palestras, com muita frequência, o Prêmio Nobel de Literatura, o russo Alexander Issaiévich Soljenítsin: “O significado da existência terrena não reside como fomos acostumados a pensar, na prosperidade, mas sim no desenvolvimento da alma humana.” Muitos ficam abismados ao me ouvir ou ler falando disto, pois seus preconceitos sobre mim não admitem eu falar em espiritualidade. Eles fazem uma imagem minha para “classificar-me” em suas mentes, e não fazem a imagem verdadeira que sou. Não é para estes que escrevo este artigo, mas para quem tem mente aberta e não curte julgar os outros, fazer comentários, criticar, fofocar. Pessoas que querem ser Midas são progressistas, entusiasmadas com o futuro, com suas vidas, não perdem tempo com os outros.
Existem muitas leis espirituais, conforme o autor. Todas, porém, chegam a um denominador comum, a lei do Dharma, isto é, um objetivo em mente. Mais do que objetivo, um propósito de vida. Pessoas que têm propósitos de vida verdadeiros sofrem menos, pois olham para o futuro com esperança. Sabem que existem para cumprir sua missão ou vocação. Em geral, são mais felizes.
Dharma é uma palavra do sânscrito, idioma antigo, que significa literalmente “aquilo que sustenta, que mantém”. Quem não achou seu Dharma tem mais dificuldades de existir, sua angústia aumenta, tem certo vazio dentro de si, algo que falta, ou sente -se alguém que não se encaixa no mundo. Quando se descobre seu Dharma, a vida muda. Muitos nunca ouviram a palavra, mas sabem da sensação de ter um propósito na vida.
O que se poderia discutir é o propósito. Hitler tinha o seu, criminosos também. Este não é Dharma, pois Dharma tem a ver com espiritualidade elevada, com benevolência, com crescimento, com luz, com elevação da alma, com liberação, com prosperidade. Nunca com agressividade. Enfim, o caminho para a verdade.[userpro_private]
É incrível conversar com pessoas que acharam seu verdadeiro Dharma. Elas são diferentes, especiais. Você não as verá reclamando de nada. Elas aceitam o mundo como é. Não lutam contra o que não podem. Não são, porém, alienadas, apenas não sofrem pela dor do mundo. Sentem dor, mas com paz de espírito. Sabem que a dor é inevitável, mas o sofrimento é uma escolha. Por isto não julgam, não criticam os outros! Nunca! Não fofocam da vida alheia, nem da sua. Não condenam comportamentos que não sejam seus, pois aceitam as pessoas como são.
Isto não quer dizer que pessoas assim aceitam conviver com criminosos, por exemplo. Elas acreditam que eles devem ser presos, e julgados pelos seus atos, mas nunca com ódio no coração. Você não precisa conviver com gente crítica, sadim, que fofoca, julga pessoas que são diferentes de você. Basta não as chamar para sua casa, para um jantar, festa. Mas também não precisa caluniar ou difamar!
Quem sabe seu Dharma o sente verdadeiramente, perde o medo da morte. Sua e de outros. Morre com singeleza, com dignidade, com paz. Entende que o mundo assim o é. Sente o ciclo da vida e da morte. E sente que faz parte deste ciclo. Supera dores e doenças de forma singela, natural.
O que aprendi nos últimos anos é que muita gente entende o conceito, mas não consegue realizar a maior viagem do ser humano: a viagem entre sua mente, cabeça e seu coração. Os poucos que conseguem “sentem” o Dharma, mais que entender. Os cientistas, de forma geral, com muitas exceções, entendem filosofia, conceitos orientais, mas não o sentem. Sentir seu Dharma é maravilhoso, traz um preenchimento completo da alma. Os poucos que assim o são acabam por atrair gente para seu lado, são ímãs positivos, emanam energia limpa, saudável, positiva. Os outros querem estar ao lado delas.
Quem sente o Dharma aprende a viver o agora. Sabe usar da inteligência da presença. Sabe vivenciar cada momento. Não atende celular quando está com outros, não abre o computador quando brinca com o filho, não lê jornal durante a festa na família. Sabe ser inteligente quando está com outros. Vive o agora.
Quem assim vive não significa necessariamente que se abdica dos bens materiais, pois água, comida e abrigo são necessários para o corpo. Mas sabem e sentem que os “bens materiais” não são o mais relevante para seu propósito. Por incrível que pareça, existem muitos empresários espiritualizados, que encontraram seu Dharma, e foi quando suas vidas se transformaram. Eles dizem ter começado a viver de verdade desde então. E adivinha o que ocorreu com seus lados materiais? Prosperaram! Muitos enriqueceram. Viver com seu Dharma não quer dizer fazer voto de pobreza, pelo contrário, para alguns, seu Dharma pode significar dar empregos, produzir, ajudar outros com casa e comida.
Enfim, viver seu Dharma significa tornar-se humilde (humildade vem de “húmus”, terra, de onde viemos e para onde voltaremos). É a maior virtude do ser humano, a meu ver. Dharma, humildade, aceitação do ser humano, do mundo, da Natureza. A vida passa a ser tão bela, tão energizada, cada minuto passa a ser sensacional. É tão bom viver com um propósito na vida! Renuncie a seu ego e procure seu Dharma. Sua vida e a de seus familiares passarão a ter outro significado. A decisão é sua![/userpro_private]
Marco Antonio Gioso – FMVZ-USP www.usp.br/locfmvz