Coelhos se tornam os pets da vez, mas eles exigem cuidados especiais. Ter um coelhinho como animal de estimação está se tornando cada vez mais comum. São companheiros e brincalhões, no entanto, demandam responsabilidade dos tutores. Como é um pet não convencional, ele precisa de alguns cuidados diferenciados e um veterinário especializado para atender suas necessidades específicas
A recomendação é da veterinária Morgana Prado, especialista em Animais Silvestres no Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas. “Muitos escolhem o coelho porque é um animal silencioso, carinhoso, se dá bem com crianças e há grande variedade de raças e tamanhos, inclusive bem pequenos. Mas o coelho não é um objeto que se dê de presente sem todo um planejamento anterior. Há grande índice de abandono. Por essas e outras, é fundamental conversar com um veterinário antes de adquirir”, frisa.
No entanto, salienta Morgana, as pessoas vêm mudando a mentalidade e o conhecimento de que o coelho não é uma espécie para ser “esquecida” no quintal se expande cada vez mais. Entre os animais silvestres atendidos no Hospital Veterinário Taquaral, é uma das espécies mais populares, atrás somente da calopsita.
Entre as peculiaridades da espécie está a necessidade de um manejo nutricional adequado para não só manter sua saúde e energia, como também para estimular o desgaste dos dentes. Segundo Morgana, os dentes crescem continuamente e se não forem aparados naturalmente com o uso estão fadados à má oclusão dentária, que gera muitos problemas. “Eles param de comer, apresentam alteração gastrointestinal, os dentes criam pontas, causam feridas na boca e podem resultar em óbito, se as devidas providências não forem tomadas”.
Ao contrário do que muitos imaginam, a alimentação do coelho não deve ser à base de cenoura, alface e ração. Morgana explica que a cenoura é muito calórica e deve ser ministrada com parcimônia. A alface não é indicada porque tem pouca fibra e muita água, podendo provocar diarreia. A veterinária afirma que uma ração de qualidade pode fazer parte da dieta, mas ela destaca que 70% da sua alimentação deve ser o feno. Os outros 30% podem variar entre verdura verde escura, folhas de árvores frutíferas, capim fresco, legumes e frutas. “Casca de melancia e de melão são ótimas para exercitarem os dentes”, sugere Morgana.
As refeições fartas e variadas deixam as gaiolas sujas e este é um outro essencial zelo que se deve ter com coelhos: não deixar acumular restos de comida, fezes e urina no recinto, que precisa ser limpo diariamente.
Morgana avisa que os coelhinhos se adaptam em apartamentos, só não devem ficar em gaiolas muito pequenas. “Cuidado com os momentos de soltura para brincar, pois, se não ficar de olho, eles roem fios e móveis. Na maior parte do tempo, podem ficar em cercadinhos”, orienta.
Ter um quintal para os coelhos é o ideal, mas é preciso manter o espaço adequado para o animal. A especialista lembra que eles adoram terra, apreciam cavar e fazer túneis. Uma ótima iniciativa é disponibilizar brinquedos de madeira para que possam desgastar os dentes.
Outro cuidado de quem tem coelho, principalmente os de pelo longo, é a escovação periódica. De acordo com a veterinária, eles são limpos, não exalam mau cheiro e não precisam de banho, a não ser que estejam com uma enfermidade que demande essa limpeza. Por se se lamberem o tempo todo, ingerem pelo, o que leva à formação de bolas de pelo. Isso pode levar o animal a um quadro de estase gástrica, que é a diminuição da motilidade intestinal, por isso, a escovação é importante. Uma dica da especialista para evitar as bolas de pelo é oferecer mamão e suco de abacaxi, que ajudam a inibir essa formação.
As visitas ao veterinário devem ser de semestrais a anuais, exceto quando apresenta algum mal-estar entre esses períodos. Na consulta, o especialista verifica o animal como um todo, peso, pelagem e a pele, pois não são raros problemas como sarna, dermatite, fungo, entre outras patologias dermatológicas. O acompanhamento do crescimento dos dentes é feito visualmente e por meio do raio x.