O número de animais nas ruas cresce numa proporção imensurável, aumentando cada vez mais o abandono, maus-tratos, doenças e deixando cada vez mais precária as condições de vida desses animais.
Aparentemente, a solução para isso tudo seria a castração. Mas, quando o assunto é castração, há muito que desmistificar: a começar pelo fato do quanto é comum ouvir que a falta disso é um problema dos cães de rua (cães errantes) – só que não! Existem muitos pets que possuem um lar, vão ao veterinário regularmente, são paparicados, ganham petiscos deliciosos, recebem uma alimentação natural e saudável, mas não são castrados!
Percebemos então que castrar não é uma carência apenas dos cães de rua, isso se estende aos que têm tutores também.
Outro ponto relevante é que a castração não é um processo específico para o pet macho! As fêmeas também precisam desse cuidado. Uma fêmea castrada, além de evitar riscos de doenças como o TVT (tumor venéreo transmissível), que é transmitido durante o acasalamento, diminui as estatísticas do câncer de mama (a fêmea tem o cio duas vezes por ano e isso gera uma descarga enorme de hormônios que podem causar essa doença).
Além disso, essa fêmea não vai “seduzir” o macho porque não entrará no cio, ou seja, por mais que um macho não esteja castrado, a fêmea não vai atraí-lo. Atualmente, cristalizou-se que castrar é coisa para pet macho, redirecionando e limitando a responsabilidade para o tutor que tem o cão macho e isso não favorece o cenário.
Castrar é a melhor coisa a fazer, tanto para o cão quanto para o tutor, porque ele fica mais calminho, reduzem as chances de uma procriação desnecessária e evita diversas doenças (no macho, por exemplo, evita o câncer de próstata, reduz em até 90% as chances dessa doença). Não há problema algum castrar o animal logo cedo, porque o cão se desenvolve muito rápido (de 8 a 14 meses ele já atinge a idade adulta, por volta dos 9 meses já têm o primeiro cio). O cão não precisa ter filhotes (isso não é uma obrigação do ciclo de vida) e nem precisa cruzar para ter essa experiência pelo menos uma vez na vida. Sendo assim, quanto antes, melhor. Não é necessário esperar o primeiro cio para castrar. Ele não vai viver menos por conta disso, a vida só ficará melhor.
Os cães de rua dependem de Ongs, instituições e Prefeitura, mas o seu cão depende só de você. Os cães são para companhia, para serem nossos melhores amigos, para serem como filhos, netos, irmãos… Mas não para procriação excessiva. A castração é muito mais do que uma responsabilidade, é uma prova de amor.
Augusto Pegoraro é médico-veterinário e gestor comercial da BioDog, uma empresa de petiscos naturais e saudáveis para cães.