Já não é novidade o crescimento dos coelhos como pet, no Brasil e no mundo!
Segundo dados do Conselho Consultivo do Instituto Pet Brasil, os pets não convencionais crescem em torno de 15% ao ano, desde 2019. E, os coelhos, tiveram um aumento exponencial na preferência das famílias, intensificado no período da pandemia de Covid19, quando a busca por animais que ocupassem menos espaço e não fizessem barulho, uma vez que todos estavam “presos” em casa, foi prioritário na hora da escolha!
Os coelhos, além das características acima citadas, apresentam as seguintes vantagens comparativas: não possuem exigência de vacinação no Brasil, não requerem passeios periódicos e se “encaixam” perfeitamente no perfil de famílias que não querem cães, pois demandam mais atenção, espaço, passeios, e/ou não gostam ou são alérgicos a gatos. Os coelhos possuem comportamento parecido com os felinos em relação à higiene e uso do banheiro, porém eles gostam de estar perto dos tutores.
Ao contrário do que muitos acreditam, os coelhos não são roedores, mas sim lagomorfos, da ordem lagomorpha, incluindo também as lebres e os pikas (sim, o Pikachu é primo do coelho) e se diferenciam dos roedores em vários aspectos, dentre as características físicas podemos citar a quantidade de dentes incisivos sendo dois pares superiores e um par nos roedores, além dos testículos que se posicionam anterior ao pênis nos coelhos e posteriores nos roedores. E essa confusão entre coelhos e roedores gera, além de preconceitos, problemas na saúde que são causados por alimentação inadequada, muitas vezes indicada por profissionais não especializados em pet shops.
A importância dos cuidados com o pelo como a escovação, tosa e remoção de pelos mortos se sobrepõe à estética e ao auxílio no calor. Eu diria que é fundamental para a qualidade de vida e, consequentemente, o aumento do tempo de vida desses animais, pois reduz a quantidade de pelos ingeridos. Os coelhos são animais extremamente limpos e se lambem como os felinos, porém, ao contrário dos bichanos, não possuem contração muscular suficiente para vomitar e é aí que está o perigo, pois a maior causa de morte de coelho pet é a obstrução gástrica causada por tricobezoar, mais conhecida como Estase Intestinal ou bola de pelo no estômago.
Segundo a cunicultora, Nayara Vale, que acompanha esse mercado desde 2010, a conscientização do público tem aumentado de maneira significativa e cada vez mais os tutores estão exigindo produtos e serviços especializados para coelhos de companhia. Focados principalmente na segurança desses pets, eles investem cada vez mais no bem-estar, para melhorar a qualidade de vida de seus pets.
De acordo com a Dra. Caroline Magalhães, veterinária especializada em coelhos, “A associação de alimentação adequada, baseada diariamente em 80% de feno, uma vez que os coelhos são animais estritamente herbívoros, tosa/escovação frequentes e suplementação são as melhores medidas
para se evitar os quadros gastrointestinais causados pelo excesso de pelos. É importante criar o hábito de levar o coelhinho para consulta a um médico-veterinário especializado, como também para realizar check-ups anuais, com o objetivo de aumentar a qualidade e expectativa de vida desses animais”.
É preciso conscientizar que coelhos NÃO precisam de banho, pois o stress causado por esse procedimento pode levar o animal a morte, devendo ser realizado apenas com indicação veterinária ou extrema necessidade. O tempo necessário para secar o animal é significativo, além de gastos com produtos, água e energia, que, juntando ao risco de morte, tornam este procedimento desnecessário para o banho e tosa.
Não há segredos para inserir o coelho no banho e tosa, mas alguns cuidados devem ser tomados, como evitar a presença de predadores (cães e gatos), para isso, o agendamento nos primeiros horários dos dias com menor fluxo de clientes é uma boa opção. Em relação aos equipamentos, podemos adaptar praticamente todos aos orelhudos, porém, o manuseio para realização dos procedimentos será diferente a fim de respeitar as características biológicas do animal, para isso uma especialização é fundamental, havendo uma grande mudança de paradigma, pois lidaremos com animais que são presas na natureza. Dessa forma, a compreensão do comportamento e fisiologia deste pet é essencial para proporcionar bem-estar e segurança.
A tosa em coelho é altamente lucrativa para o nosso segmento, uma vez que, descartado a necessidade do banho, todo o procedimento é rapidamente realizado, sendo necessário apenas “mãos humanas”, desta forma o lucro é praticamente 100%. O banho a seco, que é indicado para limpar pequenas sujidades e tirar os pelinhos pós-procedimento, além de dar um cheirinho gostoso que a maioria dos tutores gostam, também é uma excelente forma de lucro, pois o valor cobrado para uso em um animal, paga todo o produto.
Por ser um atendimento diferenciado e especializado, com alto valor agregado, os tutores têm consciência dos valores cobrados, os quais podem ser equiparados aos procedimentos mais caros do estabelecimento. Sim, é possível lucrar trabalhando menos tempo, com menos s custos fixos, como água, luz e produtos e, ainda, se tornar um profissional diferenciado no mercado.
Assim, investir em capacitação e treinamento para adquirir conhecimento das técnicas específicas para os cuidados com coelhos se torna fundamental para garantir a saúde, o conforto e a satisfação desses pets e de seus tutores, contribuindo também para a excelência e diferenciação no mercado Pet.
Ana Paula Aprigio é Bióloga, Groomer, Consultora, Palestrante e CEO da Exotic In House, especializada e exclusiva em Pets Não Convencionais.