Um dos cat groomers mais conhecidos no mercado nacional, Luciano Ribeiro, era cabeleireiro e entrou neste universo por curiosidade. Hoje, roda o mundo, participando de concursos e ministrando cursos. Conheça um pouco da trajetória do profissional e inspire-se!
Negócios Pet: Como você iniciou neste mercado e se interessou pelos gatos?
Luciano Ribeiro: Eu era cabeleireiro, minha ex-esposa queria um gato e resolvi presenteá-la com um felino, busquei informações na revista Cães & Cia e comprei uma persa vermelha chamada “Fofinha”. Acompanhando as matérias da revista vi que tinha também a parte de grooming para gatos, isso me despertou a vontade de usar o talento que eu já tinha como cabeleireiro também nos gatos.
Embora eu não fosse um apreciador de felinos, a raça e o trabalho chamaram a minha atenção e acabei fascinado pela atividade. Coincidentemente, um amigo era criador e acabei comprando mais quatros gatos, passei a frequentar as competições e conquistei importantes títulos com os exemplares que eu preparava.
NP: Qual e onde foi seu primeiro evento internacional?
LR: Foi na Alemanha e muito especial, achei que ninguém sabia sobre os brasileiros, mas quando estava na fila para adentrar no evento, algumas pessoas me reconheceram e me chamaram pelo nome. Fiquei muito surpreso e emocionado. Foi um evento bastante especial porque conquistamos o meu primeiro título Best in Show Internacional.
NP: Qual vitória te marcou mais?
LR: Todas as vitórias são memoráveis, mas em Praga foi especial. Era um evento mundial com os melhores gatos do ano de diferentes países, inúmeros ganhadores de Best in Show Internacional, mais de duas mil e quinhentas pessoas. A qualidade dos exemplares era excepcional e foi uma vitória bastante difícil diante da qualidade e importância do evento. Com todo respeito aos que estavam ali, eu festejei muito essa vitória.
NP: Conte algo inusitado que ocorreu com você durante os eventos ou viagens.
LR: Foi em uma exposição na Noruega, chamada Escandinávia. Viajei com dois gatos, um Persa e um Maine Coon e um deles foi barrado porque havia sido revacinado para raiva e por ser um protocolo de vacinação diferente do que realizam no País, permaneceu uma semana no Ministério da Agricultura.
Fiquei bastante apreensivo porque era um gato especial com alimentação e vitaminas específicas. Quando peguei de volta, vi que estava cheio de nós e isso me gerou uma grande preocupação porque tínhamos que viajar em aproximadamente 15 dias para a Mundial. Meu coração apertou de vê-lo naquele estado, cuidei da pelagem com muito cuidado e carinho. E, no fim, deu tudo certo! Esse foi o gato que ganhou a Mundial em Praga.
NP: O que o fez pensar em ter uma linha específica para gatos?
LR: No mercado Pet, o gato é o último a ser lembrado por ser mais difícil de trabalhar, tendo poucos profissionais especializados. Senti falta do olhar especial para eles, não só em relação aos profissionais, mas também, em produtos para cuidados especiais, voltados a uma pelagem que não é exatamente igual a de outros animais.
Sempre enxerguei esse mercado como promissor, quando conheci o Thiago Sábio percebi o interesse dele em desenvolver produtos especiais, iniciamos então uma parceria por meio da Innovation, que eu já conhecia por conta da linha Pet Show e começamos a estudar produtos que supririam as demandas. Foram alguns meses de conversas e testes até chegar na linha Pet Show Cat Line, que considero ideal para levar o meu nome, devido à excelência na qualidade.
NP: Qual a sua expectativa referente à nova linha?
LR: As expectativas são as melhores, é diferente quando você ajuda a desenvolver uma linha. O carinho, cuidado e amor que estão sendo depositados no desenvolvimento dos produtos e a aposta em mim são muito legais. O lançamento foi algo especial, ver o carinho de todos os envolvidos e as expectativas das pessoas para ter os produtos em mãos já demonstra que será um grande sucesso.
NP: Você só trabalha com gatos de raça?
LR: Essa é uma boa pergunta porque normalmente as matérias são sempre voltadas para gatos de raça. O que quase ninguém sabe é que o nosso gato “vira-lata” ou SRD é muito bem-visto lá fora e tem até selo. É um ícone no Brasil, olha a importância! E, muitos, não têm essa noção. A maioria dos gatos que eu trabalho são SRD e os tutores cuidam como filhos, aliás é um membro da família e é importante ter um feeling, desenvolver uma sensibilidade especial para trabalhar com eles. Me orgulho muito do meu trabalho com esses gatos.
NP: Como groomer, qual o conselho para os profissionais da área que trabalham com gatos?
LR: Hoje, como groomer, acredito que é preciso fazer o que se gosta e buscar a validação do trabalho, ir atrás dos sonhos. No universo dos serviços para felinos existe um preço diferenciado, mas não é só buscar o lado financeiro, tem que se dedicar e entregar um trabalho bem-feito, consequentemente mais oportunidade surgirão para realizar os sonhos.
NP: O que é mais fácil, administrar uma carreira ou mantê-la?
LR: Esse é um assunto delicado. Quando se tem uma boa administração, automaticamente se tem uma boa carreira e, quando se tem uma boa carreira, certamente há uma boa administração. Mas, existe algo no meio desses dois pontos fundamental: se o profissional se perde em alguns aspectos, acaba sendo apenas mais um e deixa escapar a autoridade no que faz, bem como, a chance de ser um formador
de opinião.
Hoje em dia, com as redes sociais, os tutores gostam de ver, seguir e ter o profissional como exemplo.
Somos seres humanos e, claro, que às vezes os nossos sentimentos passam por altos e baixos, mas o importante é manter a disciplina e se doar por um objetivo, isso em todas as áreas. Se o profissional não tem foco, não terá sucesso e o sucesso só vem quando se está disposto a pagar o preço.
