O número de animais de estimação (especialmente cães e gatos) em situação de abandono no Brasil infelizmente ainda atinge patamares muito altos.
Uma simples olhada nas redes sociais dá uma dimensão deste problema: são inúmeros cães e gatos resgatados, encontrados e que estão disponíveis para adoção. Muitas vezes após um resgate delicado ou histórias tristes e revoltantes de abandono.
Essa realidade acaba também chegando aos profissionais de pet shops, especialmente pelo contato tão próximo com o mundo dos animais de estimação, e com tutores, cachorreiros, gateiros, médicos-veterinários que tratam desses animais e os próprios protetores.
Portanto, trata-se de um assunto que merece a atenção e reflexão por parte de todos.
[sociallocker]
Animais deixados no estabelecimento
Não é raro ouvirmos histórias de pessoas que simplesmente deixam animais na porta de pet shops, por saberem que justamente ali trabalham pessoas envolvidas com animais e, portanto, seria a “solução” ideal. Há também aqueles tutores que deixam um animal para banho ou tosa e nunca mais retornam para buscá-los.
O que sabemos é que um grande número dos proprietários de estabelecimentos, que se vê diante de situações como as descritas acima, acaba mesmo cuidando do animal e, de repente, se vê às voltas com a necessidade de doá-lo.
Clientes com animais para doação
Há ainda as situações em que um cliente do pet shop tem um cão ou gato para ser doado e busca auxílio com pessoas que trabalham no meio e que, justamente por isso, estariam mais aptas a auxiliá-las.
Encontrados ou resgatados na rua
Profissionais que trabalham nas pet shops, como banhistas ou tosadores e, até mesmo, os proprietários, podem também se deparar com a situação de estar diante de um animal em situação de risco e que precisa ser doado. Podem ter sido resgatados ou encontrados.
Todas as situações mencionadas acima podem surgir na rotina diária das pet shops e, muitas vezes, surgem dúvidas sobre como a doação poderia ser mais eficiente.
Saúde e temperamento
Para que a adoção seja feita, é preciso que o animal esteja saudável. Por isso, muitas vezes, é necessária a intervenção do médico-veterinário para os tratamentos que, eventualmente, se façam necessários, além da castração e vermifugação.
Mesmo que se trate de um animal que tenha alguma defici- ência física (cegueira, surdez, dificuldade de locomoção) ou que já seja idoso, a adoção é possível. É bacana observar como cada vez mais pessoas não se importam com esses quesitos, quando percebem que o animal pode ser o companheiro ideal para a família!
Com relação ao temperamento, é indicado saber como é o cão ou gato que se pretende doar, especialmente se for um adulto, com o temperamento já formado. Alguns testes podem ser feitos para que se possa conhecer um pouco mais do cão ou gato.
Por exemplo, no caso do cachorro, é possível saber se ele tem tendência a ser possessivo, quando damos um brinquedo a ele e observamos o comportamento: se ele ficar relaxado e até trouxer o novo item, está tudo bem.
Com relação a gatos, caso os pretendentes à adoção tenham cães em casa, é possível observar a reação dele perto de um cachorro: pode-se colocar a caixa de transporte com o gatinho dentro em um ambiente com cães e observar como ele reage. Se ficar relaxado e aceitar petiscos dentro da caixa, temos um sinal de que está relaxado com a presença de caninos.
É possível testar também o quanto o animal gosta de receber carinhos. Basta observar como ele reage a este tipo de interação: se quando paramos de acariciar, o pet busca o contato novamente, é daqueles que adoram o contato com os humanos.
Também é possível verificar o quanto gostam de brincar: utilizando brinquedos específicos para a espécie, é possível saber se são daqueles loucos por uma interação divertida! Um animal com esse perfil pode, por exemplo, ser mais indicado para famílias com crianças.
Mesmo com alguns testes de temperamento, estar alguns dias com o animal que será doado é uma oportunidade de conhecer melhor as peculiaridades de sua personalidade e ter elementos para indicar o pet para uma família cujo estilo de vida e rotina sejam compatíveis com ele.
Usar as redes sociais e cartazes
As redes sociais são um poderoso instrumento que auxiliam bastante na divulgação de animais de estimação disponíveis para doa- ção. Usar fotos bem tiradas costuma ser de grande ajuda!
E também divulgar a doação com cartazes pelo bairro, para que pessoas que circulam pelo local possam ter a oportunidade de saber da doação.
Que tal organizar um dia de adoção?
Uma outra forma de aumentar as chances de adoção de animais de estimação é organizar algum evento especificamente para este fim. No caso de mães com filhotes ou um número maior de animais, organizar um evento junto à clientela, específico para a doação, pode ser uma excelente maneira, inclusive, de trazer mais conscientização às pessoas acerca da guarda responsável de animais, castração, etc.
Afinal, esse assunto diz respeito a todos aqueles que, de alguma maneira, trabalham com animais de estimação!
[/sociallocker]
Alexandre Rossi é zootecnista e especialista em comportamento animal.