Quando se pretende ter um “animalzinho” de estimação, primeiramente são necessários alguns conhecimentos mínimos sobre a biologia da espécie para que seja oferecida ao animal uma saudável e adequada condição de desenvolvimento ou mesmo apenas uma mantença de poucos dias. O termo anfíbio designa “vida dupla”, sendo um termo apropriado para este grupo, pois são animais que possuem “duas vidas” distintas ao longo de sua ontogenia (desenvolvimento). Ex.: A rã-touro (bullfrog), seus primeiros estágios de vida que antecedem a metamorfose, o girino, possui necessidades nutricionais e condições de vidas diferentes dos estágios posteriores à metamorfose, fase adulta. Neste artigo será abordada a fase pós-metamórfica.
Devemos ter bem claras as distinções entre: rãs, pererecas e sapos, pois, apesar de algumas similaridades entre as espécies, elas têm estilos de vida diferentes. Assim, displicências quanto à especificidade de cada espécie podem-nos levar a incorrer em erros grotescos ao montarmos um aquário.
A rã é um anfíbio (Classe: Amphibia) dentro da ordem dos anuros (Anura), juntamente com as pererecas e sapos. Os anfíbios atuais estão incluídos em Lissamphibia, sendo conhecidas atualmente 6.800 espécies. O ramo da ciência que estuda essa divisão é a herpetologia, sendo uma linha de estudo da zoologia que aborda os répteis e anuros. Dentre os anuros, deve-se evitar generalizações só porque se assemelham morfologicamente, pois pode-se notar uma enorme diversidade de condições de vida, “habitat”, ecossistemas, formas de reprodução, cuidados parentais, sons (vocalização), alimentação, entre outras. Porém, todos os anfíbios compartilham algumas características entre si, tais como: são vertebrados ectotérmicos (temperatura corpórea varia de acordo com o ambiente), apresentam tegumento (“pele”) rico em glândulas; respiram através de pulmões, brânquias ou do tegumento.
A criação de anfíbios para fins ornamentais e/ou para estimação ainda é um espaço pouco explorado no Brasil. Verifica-se que os criadores iniciantes, em países como Estados Unidos, Canadá e Brasil, optam majoritariamente pela criação da rã-touro (Bullfrog), possivelmente, por sua rusticidade quanto às exigências em sua criação.
A espécie suporta grande variação de amplitude térmica; pode ser alimentada com ração granulada, o que facilita a sua criação, assim como diminuem os custos de sua mantença; e, reproduz-se facilmente (reprodução externa). A rã-touro pode atingir 20 cm e um peso de 1,5 kg, vivendo por aproximados cinco anos. A albina é uma das mais procuradas para ornamentação.
A escolha e a montagem de um aquário para a criação da espécie necessitam seguir alguns critérios, pois o animal deve ter espaço suficiente para se movimentar, bem como, se a opção for por um aquário, este deve ter uma tampa resistente com peso ou travas. Também é necessário que haja um local seco para que o animal consiga sair da água de forma espontânea. Tais aquários são conhecidos entre os aquariofilistas como “aqua-terrário”, sendo utilizados cascalhos, pedras e areia. O ideal é que tenha um substrato recobrindo o fundo. A parte com água deve ser capaz de cobrir, ao menos, metade do corpo do animal, pois as fezes e a troca de pele são realizadas na água, portanto recomenda-se a troca da água a cada dois dias. É necessária a utilização de água sem cloro ou desclorada. A temperatura ideal é entre 21 e 25°C, podendo ser mantida com lâmpada incandescente. Recomenda-se manter um fotoperíodo entre 10 e 12 horas de claridade e podem ser utilizadas lâmpadas fluorescentes ou led.
Quanto ao hábito alimentar, a rã-touro é generalista, ou seja, pode-se alimentar de diversas classes de alimentos, de acordo com o tamanho da sua boca, tais como: insetos, pequenos peixes, girinos, peixes congelados, ratos e camundongos, ração de peixe carnívoro granulada. É necessário cuidado ao alimentá-las com as mãos, pois possuem dentes afiados no céu da boca. Caso opte pela utilização de algum recipiente como um coxo, é necessária a higienização diária deste.
Para evitar contaminações, os cuidados com a higienização também devem ser tomados com objetos que entrem no aquário, assim como troncos, pedras, canos, pedaços de plásticos ou lonas, entre outros, todos devem ser higienizados. Atentem aos tipos de inseticidas no ambiente, pois podem ser prejudiciais à saúde do animal. Evite misturar animais sem que haja uma depuração ou quarentena (regra básica de produção de animal aquático).
Caso não queira mais o animal ou ele se reproduza, nunca solte na Natureza. Procure a loja pet em que adquiriu o animal ou algum produtor licenciado, pois esta espécie é considerada invasora no Brasil, podendo acarretar sérios ônus ao ecossistema. Caso queira pegar o girino e levar para criá-lo até a fase adulta, informe-se melhor sobre as fases de vida deste animal, pois a metamorfose é um momento crítico da vida dele.
Donovan F. H. Pinto, doutorando em aquicultura Caunesp-Unesp.