Na última Live ao Vivo que transmiti pelo Facebook no programa Alô, Empóriopet!, no mês de janeiro passado, falei sobre as principais tendências globais de consumo apresentadas no relatório Top 10 Global Consumer Trends for 2018 pela consultoria britânica Euromonitor International e foi o maior sucesso, porque temos que estar atentos no que acontece no mundo para agirmos localmente no nosso negócio.
Com uma visão otimista sobre a retomada no fortalecimento da economia em termos globais, o relatório aponta que o consumo no mundo deverá atingir patamares mais robustos do que os experimentados nos últimos cinco anos e o amplo acesso à tecnologia mobile e à internet vão continuar fazendo as empresas reverem constantemente os seus modelos de negócio e do relacionamento construído com cada cliente.
Vamos então ao resumo das dez principais tendências de consumo para 2018 tiradas do relatório:
1. Vida Limpa (Clean Lifers):
Consumidores estão adotando um estilo de vida “clean” e mais minimalista, no qual moderação e integridade são palavras-chave. Esqueça aquele consumo desenfreado de outros tempos, especialmente pelos mais jovens com idade entre 20 e 29 anos. Muitos deles educados e com um curso superior na bagagem pensam que realmente podem fazer a diferença no mundo – 60% deles acreditam que as suas escolhas impactam diretamente no planeta.
Por isso essas pessoas estão mais fechadas para hábitos pouco saudáveis, não querem comprar produtos testados em animais e até mesmo recusam álcool. Inclusive, esses jovens preferem ficar em casa relaxando em vez de ir para uma boate durante a noite. Têm menos necessidade de impressionar pelo que possuem e mais pelo que partilham. Preferem férias em família, até porque têm mais em comum com os pais do que a geração anterior.
2. Os Inquilinos (The Borrowers):
Esqueça a posse. De acordo com a Euromonitor, uma geração que prefere experiências à posse está ganhando cada vez mais espaço no mercado. A experiência vale tanto quanto um bem. Daí o crescimento de aplicativos como Uber e Airbnb. Um estilo de vida mais livre, que vem caracterizando os hábitos de compras dos millennials – ou geração Y, os nascidos entre 1979 e 1995 – nos últimos anos, é uma tendência que continua a se desenvolver e se espalhar pelo mundo. Acessibilidade, conveniência e sustentabilidade são as palavras-chave no crescimento da economia da partilha e a tecnologia é a ferramenta que a possibilita isso acontecer.
3. A Cultura da Reivindicação (Call Out Culture):
O consumo pode ser menor, mas a exigência cresceu – e muito. Com as redes sociais, uma simples reclamação pode resultar em um grande boicote à uma empresa ou marca. Com o crescimento constante do acesso à internet por meio de dispositivos móveis, especialmente smartphones, o “ativismo hashtag” é cada vez mais comum.
A empresa que não prestar atenção a esse movimento vai se dar muito mal, especialmente aqui no Brasil em que 80% dos internautas atualizam as redes sociais, ao menos, uma vez por semana. Imagine se for para falar mal de sua marca? Os consumidores utilizam as redes sociais não só para se fazerem ouvir, mas também para obrigar as marcas a assumirem posição em determinados temas, o que as obriga a interagir mais com os clientes em espaço público e a estarem preparadas para lidar com situações de crise. O apoio ao cliente é o novo marketing das empresas.
4. Está No Meu DNA (It’s in my DNA – I’m so Special):
Outro comportamento inerente à nova geração de consumidores é a necessidade de se sentirem especiais, diferentes da multidão. Os consumidores estão mais curiosos do que nunca sobre as suas origens e procuram saber aquilo que as faz especiais, contribuindo para o crescente interesse por cuidados de saúde e beleza personalizados.
Os consumidores querem saber mais sobre os antepassados, os riscos genéticos de terem doenças como esclerose múltipla, Alzheimer ou Parkinson, ou os alimentos que lhes causam intolerância para obterem uma alimentação mais saudável de acordo com o seu biotipo. Esta tendência explica o número crescente de consumidores obcecados com a sua saúde e pela cultura do corpo ideal.
5. Empreendedores Adaptativos (Adaptive Entrepreneurs):
Os consumidores procuram cada vez mais flexibilidade no estilo de vida que adotaram e estão preparados para correr riscos, abandonando os empregos das 9 às 17 horas e empreendendo. Preferem um trabalho que se adapte aos seus interesses e necessidades e não um que meramente “pague bem”. Constituir família e construir patrimônio não está mais nas prioridades. A internet proporciona uma plataforma flexível para vender, comunicar, avaliar ou relacionar-se sem fronteiras e sem limites.
Os empreendedores flexíveis também não são fiéis a marcas ou técnicas de marketing que tiveram êxito no passado – vão preferir sempre as marcas ou produtos que permitam melhorar as suas vidas e o trabalho flexível. De acordo com um levantamento feito pela Euromonitor, 60% dos millennials querem trabalhar de forma autônoma, enquanto 55% da geração X também preferem ter mais liberdade na vida profissional. Os mais conservadores, claro, são os baby boomers: apenas 35% deles aceitariam um trabalho menos tradicional.
6. Vejo Do Meu Quarto (View in My Roomers):
Em 2018, a percepção e realidade se conectam, mesclando imagens digitais com o espaço físico. A Realidade Aumentada veio para ficar. Os novos smartphones permitem aos consumidores visualizarem os produtos antes de comprá-los, seja na loja ou em casa, e isso vai mudar a forma como as empresas se apresentam. As pessoas não precisam mais sair do próprio quarto para consumirem ou se informarem. Tudo está lá bem próximo, na palma da mão.
E não são poucas pessoas com esse acesso: cerca de 90% das gerações X, Y e Z possuem o próprio smartphone. A geração Y, por sua vez, é a que mais usa o celular para consumo: cerca de 55% deles compram por meio do mobile commerce. Essa aproximação entre a realidade e a percepção facilita a venda ao consumidor e o próprio comércio eletrônico, permitindo experimentar antes de comprar e até pedir opinião aos amigos.
7. Consumidores Detetives (Sleuthy Shoppers):
As pessoas estão mais desconfiadas. O crescimento da disseminação de notícias falsas, assim como o caso de influenciadores digitais fazendo avaliações duvidosas de produtos e serviços, fez com que os consumidores passem a pesquisar melhor antes de realizar qualquer compra. E eles querem consumir de marcas transparentes, sólidas, confiáveis. Cerca de 55% das gerações Y e X compram apenas daquelas marcas que confiam.
Para isso, essas empresas precisam estar bem de acordo com os seus valores – esses consumidores estão cansados de retóricas vazias e palavras tranquilizadoras. Eles querem, mais do que nunca, a verdade. Eles compram a história do produto. E para as empresas só há duas classificações possíveis: amigas ou inimigas de uma causa. Os negócios estão vulneráveis, mas se souberem ganhar confiança têm clientes fiéis que não o trocarão pela concorrência.
8. Co-Living:
Para que ter uma casa própria se eu posso alugar? Melhor: para que eu gastar um alto valor em um aluguel, se eu posso dividi-lo com alguém? A tendência de dividir uma casa ou apartamento está crescendo e não somente entre os millennials. Segundo a Euromonitor, até pessoas mais velhas, acima dos 65 anos, estão buscando dividir o mesmo teto com pessoas que compartilham os mesmos interesses e valores.
9. Designers Digitais (I-Designers):
A personalização de produtos está indo para outro nível. O consumo de produtos massificados, que todos têm, não fará mais tanto sucesso assim. Por isso as pessoas querem personalizar aquilo que compram – elas precisam participar do processo, não serem somente passivas. E eles não necessariamente querem colocar a mão na massa. Apesar de querer algo feito para eles, preferem algo mais facilitado: uma ferramenta em um aplicativo para escolher a estampa da camisa dele, por exemplo.
Mas precisa ser algo somente dele: cerca de 55% dos consumidores entre 15 e 44 anos querem ser vistos como diferentes dos outros. O que importa não é apenas o valor monetário do produto, mas a dedicação que lhe foi conferida, valorizando o que é personalizado ou feito manualmente.
10. Os Sobreviventes (The Survivors):
A crise muda a forma como vemos o consumo. Especialmente daqueles que passaram por grandes dificuldades durante os tempos de recessão. Dez anos após a crise econômica global (que afetou o Brasil anos depois e se mantém), as pessoas estão mais atentas. Muitos, aliás, sequer se recuperaram dos tempos sombrios. Porém, a disparidade entre ricos e pobres vem se aprofundando.
Um grande desafio para empresas neste 2018 será encontrar mecanismos para trazer as camadas que mais sofrem com a austeridade, que mais precisam controlar gastos, de volta ao consumo. E, depois de tanta informação rica, chamo vocês para a reflexão: olhando com calma cada uma dessas tendências apontadas neste artigo, o que você vai fazer de diferente para prosperar o seu negócio e se qualificar mais e melhor em 2018? Vamos lá que o ano já começou!
Kaká Cerutti é neurocoach, palestrante e gestora de marketing e comunicação da empresa Empóriopet. Saiba mais em www.emporiopet.ind.br ou pelo e-mail sac@emporiopet.ind.br.