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Brasil lidera ranking de veterinários no mundo

Só amar os bichinhos não basta. O médico veterinário tem de ter vocação para a área da saúde e sangue frio para ministrar cuidados, que vão desde aplicar uma simples injeção até sacrificar um animal doente. O profissional não só é responsável pelos cuidados com os bichinhos, como também responde por inspeções e fiscalizações sanitárias, além de medidas de saúde pública em relação a zoonoses, doenças que atingem tanto seres humanos quanto animais e até por administrar sua clínica, pet shop ou banho e tosa.

De acordo com Cauê Pereira Toscano, coordenador do Setor de Oncologia e diretor de Marketing, Propaganda e Comunicação da Anclivepa-SP (Associação Nacional de Clínicos de Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo), o mercado veterinário é algo promissor por ser uma atividade liberal e autônoma, que permite ao profissional atuar no mercado independente de emprego, embora as ofertas tanto na área privada e concursos na área pública estejam surgindo sempre.

O Brasil, pelas suas dimensões e diversidade de produção de alimentos de origem animal, possui um vasto campo de atividades ainda a ser explorado. “A carreira é muito promissora e tem-se valorizado muito. Os clientes hoje estão pagando mais e os veterinários estão melhores qualificados e, consequentemente, estão sendo mais bem remunerados. As especializações na área estão em alta”, declara Cauê.

O Brasil atualmente, segundo pesquisas, tem a maior população animal do mundo, o maior número de médicos veterinários do mundo, o maior número de cursos de Medicina Veterinária do mundo e, em pequenos animais, temos a segunda maior população e o quarto maior movimento econômico do planeta. “Se avaliarmos tudo isso, estamos no lugar certo e na hora certa. Basta buscar a causa certa para lutar e o médico veterinário irá acertar no alvo.

Nossa profissão na verdade é o sonho de criança de vários profissionais que hoje estão em outras áreas. Somos prestigiados por termos conseguido atingir nossos sonhos de criança”, declara Dr. Ronald Glanzmann, médico veterinário e sócio-diretor das empresas Centralvet, Unovet e Petfarma.

O veterinário é o único profissional habilitado a cuidar da saúde dos animais em todas as suas modalidades, o que abre uma infinidade de áreas de atuação, como por exemplo na defesa sanitária animal; na produção de carne, leite, ovos mel, peixes; na inspeção e fiscalização de alimentos de origem animal; nos matadouros; frigoríficos; laticínios; na vigilância sanitária; na clínica de animais de companhia; na clínica de grandes e médios animais; nos zoológicos; nas agropecuárias; na avicultura; suinocultura; na pesquisa de medicamentos; nos laboratórios de diagnósticos; na indústria de medicamentos; na perícia administrativa e judicial; na elaboração de projetos; na análise de impactos no meio ambiente; na saúde pública; na produção de ração; no magistério; enfim em várias atividades, seja econômica, social, lazer e bem-estar animal, entre outras.

“Existem diversos cursos muito procurados hoje em dia, tais como cirurgia, oncologia, ortopedia, oftalmologia e diagnóstico por imagem. Uma área em ascensão é a de Intensivismo”, cita o diretor de marketing da Anclivepa-SP.

A tendência da atuação do médico veterinário no ramo pet é cada vez maior. De acordo com Dr.
Ronald Glanzmann este ano o Brasil irá superar as crianças até 17 anos, através do número de pets (cães e gatos). O crescimento de pets em média chega até a 8% por ano. O de crianças varia de 0,5 a 1,0% ao ano. “As pessoas cuidam cada vez mais dos pets como filhos, os pets estão humanizados, e isso traz grandes oportunidades para a atuação de nossos médicos veterinários, considerando que diferentemente da área humana (SUS, planos de saúde), na grande maioria das vezes os pagamentos em nosso segmento são via negociação direta entre o proprietário do animal e o médico veterinário”, ressalta o médico.

Com o mercado pet em ascensão é muito difícil encontrar nos grandes centros clínicas veterinárias que não tenham uma pet shop ou um salão de banho e tosa vinculados. Um estudo realizado pela CVA Solutions mostra que a recomendação do veterinário agrega valor à ração e, por isso, as do tipo Super Premium, as mais indicadas por estes profissionais, podem cobrar um preço maior. “A prescrição do veterinário é fundamental para o segmento Super Premium, permitindo uma melhor adequação do alimento à idade e porte do animal e proporcionando uma relação custo-benefício que o consumidor reconhece, mesmo pagando um preço maior por esse tipo de ração”, afirma Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA Solutions.

Cauê Pereira Toscano acredita que as pequenas clínicas veterinárias possam sobreviver sim sem estarem atreladas às lojas ou a salões. “Acredito que essas clínicas sobrevivam sim sem vender nada, no entanto a pet shop, quando bem administrada, pode ser diretamente lucrativa e gerar clientes para a clínica, além de atuar como um complemento dela. Creio que para a clínica sobreviver sem a pet shop, deverá, além da qualidade técnica, oferecer um atendimento de excelência. O cliente precisa se sentir bem atendido desde a recepção até o centro cirúrgico. Precisa se sentir acolhido e ter a percepção do quanto a clínica se importa com ele e com o seu animal”, analisa.

Ainda muito reticentes, os profissionais recém-formados não têm muita noção administrativa e
talvez seja este o motivo de muitas clínicas não resistirem e venderem produtos sem uma prévia pesquisa de mercado com sua clientela e, ao falirem, colocarem a culpa na obrigatoriedade de se ter serviços e produtos que não conhecem. “A falta de conhecimentos em gestão de negócios, relacionamento com o cliente e finanças (inclusive pessoais) é gritante. Tal aprendizado na faculdade permitiria que o veterinário não tivesse apenas o conhecimento médico, mas também soubesse lidar com as demais dificuldades do mercado”, frisa Cauê.

Atualmente existe um nicho muito importante a ser explorado, que vai muito além do atendimento a pets. Hoje através de pesquisas está comprovado que mais que 80% da rotina clínica está relacionada às demandas onde o proprietário procura o médico veterinário apenas no momento em que o animal apresenta um problema. De acordo com Dr. Ronald Glanzmann o trabalho de prevenção é a bola da vez. “Ainda é preciso fazer com que o dono do animal entenda que é melhor prevenir do que remediar. Por isso, a prevenção ou a criação de protocolos clínicos que levem o animal à clínica para várias situações de rotina de prevenção deve ser explorado.

Cito alguns exemplos: protocolos de acompanhamento pediátrico, protocolos de acompanhamento pré-natal, protocolos de orientação e prevenção de zoonoses, protocolos de vacinação de enfermidades ainda não endêmicas na região, protocolos de vacinação de enfermidades endêmicas na região, protocolos de acompanhamento geriátrico, protocolo de acompanhamento de atletas, protocolo de acompanhamento de cães de exposição”, explica Ronald.

Com tantos médicos se formando – hoje já são 30 mil só no Estado de São Paulo de acordo com a Anclivepa –, é preciso criar um diferencial, se reinventar, procurar estar antenado com as novidades e inovar sempre. “A tendência hoje é da inovação. A inovação consegue fazer com que um profissional ou clínica esteja à frente do mercado. Saia da guerra da competição num oceano de sangue e vá para o oceano azul. Mas a inovação é dolorosa para quem a desenvolve e muitas vezes até para o próprio mercado que a recebe. Tudo que é novo muitas vezes pode até ser desprezado ou criticado quando é disponibilizado. Mas basta ajustar o foco e perseverar. Uma vez reconhecida, a inovação ditará o novo rumo na sua região ou segmento de atuação. Para inovar, muitas vezes não é preciso reinventar a roda. A dica certeira para inovar certamente é evitar ao máximo copiar o seu concorrente”, conclui Glanzmann.

 

 

 

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