Diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que vem se instaurando no Brasil, o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) manifesta a necessidade de cautela nas decisões e destaca o papel do médico-veterinário como parte integrante do Sistema de Saúde Única, que envolve o ser humano, os animais e o meio ambiente.
“A relação homem/animal, intensa em todo o mundo e no Brasil, nos faz considerar que os estabelecimentos veterinários são responsáveis pela saúde animal, considerados essenciais para a harmonia dessa convivência”, afirma Wanderson Ferreira, médico-veterinário e tesoureiro do CFMV, pós-graduado em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais.
Nessa mesma perspectiva, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e a WVA (Associação Mundial de Veterinária) emitiram nota defendendo que os serviços veterinários e de nutrição animal são essenciais para a saúde pública, especialmente na prevenção de doenças, no gerenciamento de emergências e enfrentamento de pandemias, como a que ocorre atualmente.
A partir desse posicionamento e com a autorização dos governos estaduais, o CFMV reforça que, por enquanto e até segunda ordem, os médicos-veterinários cumpram seu papel como profissionais de saúde e mantenham o atendimento normal em clínicas e hospitais veterinários, com algumas ressalvas que devem ser consideradas:
- Consultas veterinárias: Atendimento preferencialmente agendado, com a presença de apenas um responsável (tutor), para evitar a concentração excessiva de humanos nos ambientes de espera.
- Higienização: Adoção de regras básicas de higiene e assepsia pessoais e do ambiente, antes e após cada atendimento. Usar o máximo de descartáveis (jalecos, luvas, etc.). Consultas em domicílio devem seguir rigidamente essas normas de higiene e assepsia, além de manter um intervalo mínimo de duas horas entre os atendimentos.
- Internação: Desestímulo às visitas aos animais internados, oferecendo maior número de boletins médicos dos pacientes.
- Pet shops: São muito importantes na nutrição dos animais, devendo manter estoque normal dos alimentos, evitando deslocamentos incertos dos tutores à procura da ração ideal para seu animal.
- Estética animal: Incentivo aos tutores a diminuir a frequência de banhos e tosas de seus pets, diminuindo a circulação das pessoas. Preferencialmente realizar a higiene dos pets no próprio domicílio.
- Passeios com pets: Devem ser reduzidos, feitos em pequenas distâncias, apenas para atender às necessidades fisiológicas dos animais, também evitando concentrações em parques e praças.
- Autoridades locais: Recomendações dos órgãos públicos de saúde devem ser seguidas rigorosamente.
- Animais de produção: Nos locais de manejo e criação dos animais de produção, via de regra, já costuma ser baixa a concentração de pessoas, o que mitiga o risco e já contribui para evitar a propagação do vírus nesses ambientes. Mantendo as distâncias recomendadas pelos órgãos de saúde, acredita-se que a possibilidade de contaminação já é pequena. De qualquer forma, em granjas com um quantitativo maior de profissionais, como as de suínos, recomenda-se que as reuniões em campo para definição de procedimentos clínicos e de manejo sejam reduzidas e mais curtas, mantendo-se os protocolos de distância e evitando contatos físicos.
- Quarentena e as clínicas: O CFMV considera que os serviços clínicos veterinários são essenciais e devem ser mantidos à disposição da população, assim como os de nutrição animal, desde que reforcem os cuidados com a higienização a cada atendimento e organizem o agendamento das consultas com antecedência para evitar concentração excessiva de pessoas no mesmo ambiente.
Colaboração: Médico-veterinário Roberto Lange, da CNEV/CFMV (Comissão Nacional de Estabelecimentos Veterinários).