Hotéis, creches, clubes, petiscos variados, mimos, sorvetes, cosméticos, passeios, medicamentos, equipamentos médicos de última geração e até hospitais inteiros. Sim, tudo para garantir o bem-estar, o desenvolvimento saudável e a vida feliz dos pets e satisfação de seus donos.
Artigos de luxo para uma classe privilegiada? Não, não mesmo! O mercado pet e vet está em franco crescimento e cada vez mais pessoas procuram por serviços, cuidados e alimentação adequada para os seus animais de estimação.
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Em um período que grandes mercados sofreram momentos de recessão econômica, o segmento de saúde animal, especificamente o de cães e gatos, não foi diferente.
O mercado de saúde pet fechou em 2016 com um crescimento de 8% em relação a 2015. Este número representa uma freada histórica para o setor que vinha mantendo uma média de 18% em taxa composta de 2010 a 2015. “Vínhamos crescendo ano a ano a uma taxa alta, entretanto o ano de 2016 representou um grande desafio para nós”, afirma Dr. Leonardo Brandão, médico-veterinário, coordenador do Infopet da Comac (Comissão de Animais de Companhia), do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal) e também diretor da unidade de Negócios Pet da Ceva Saúde Animal.
Em 2016, o bom desempenho de algumas categorias de produtos, tais como ectoparasiticidas (11,6%), endoparasiticidas (12%) e terapêuticos (21%), garantiu o crescimento no setor.
Com o mercado menos favorável, toda a cadeia (lojistas, distribuidores e indústrias) é desafiada a aprimorar sua capacidade de gestão, o que inclui corte de gastos, gestão de estoques e atenção às margens de lucro, por exemplo. “Um ano de dificuldades econômicas faz com que todos tenham que se esforçar mais e abre espaço para as melhores práticas gerenciais, o que traz mais qualidade ao setor”, complementa Brandão.
Apesar dos números desanimadores, esse não é um mercado em involução, aliás, muito pelo contrário. Muito se tem falado sobre suas infinitas oportunidades que proporciona, por conta do relacionamento cada vez mais próximo entre humanos e animais.
Hoje, o Brasil conta com a segunda maior população de cães e gatos do mundo. São 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos, segundo dados do IBGE, e ainda assim poucos animais recebem medicamentos ou visitas regulares às clínicas veterinárias. E, por conta disso, a Comac e diversas instituições do setor estão sempre esforçando para conscientizar os tutores de seu papel nos cuidados com a saúde dos animais, que hoje são considerados parte da família.
Para este ano, a expectativa é de que o setor volte ao seu ritmo de crescimento acima de dois dígitos. “Em breve teremos dados substanciais de 2017 e conseguiremos traçar uma tendência mais assertiva para o mercado”, completa Brandão.
“O que estamos observando nesse mercado nos últimos dois anos é que com a crise brasileira o mercado pet também sentiu reflexos. Não foi afetado logo no primeiro momento, mas a partir da intensificação da crise, quando vínhamos crescendo em dois dígitos, esse crescimento foi freado. O PIB foi negativo em três pontos e o crescimento no segmento ficou acima de 5%. Este ano, especificamente, a crise do setor de serviços impactou o mercado de pequenos animais. Como a gente fala em mercado pet e veterinário que envolve produtos e serviços, a indústria foi a primeira afetada. O consumo não diminuiu em volume, mas sim em valor. Os clientes passaram a reduzir o nível dos produtos consumidos. Quem consumia ração superpremium passou a consumir a premium, por exemplo”, argumenta Carlos Petrucci, presidente da Comissão do Mercado Pet do CRMV-RS.
Dados da Abinpet mostram que o consumo de ração representa quase 70% do faturamento do mercado pet e que houve até um crescimento em quilos, porém ocorreu a migração para marcas ou produtos de menor valor. O serviço sentiu este mesmo processo depois. Os banhos que eram semanais passaram a ser quinzenais e assim por diante. “Em 2017 tivemos um ano que iniciou otimista, com o primeiro trimestre com números nacionais positivos. Consequentemente todos otimistas, mas infelizmente a crise política foi retomada logo após e a partir daí se instalou uma insegurança. O que observo a partir de agora é que alguns termos que se escuta em outros setores como inovação precisam também ser adotados no segmento pet. Temos que pensar, além da parte tecnológica, que todos os mercados estão voltados para a inovação e o mercado pet não é diferente”, analisa o presidente da Comissão do Mercado Pet do CRMV-RS.
Inovação nos serviços atrai clientes
A aposta nos felinos é uma tendência mundial. Nos Estados Unidos já tem mais gato do que cão. E no Brasil se nota esse crescimento também. O número de felinos cresce de 3 a 4 vezes mais do que o úmero de cães.
Conveniência – outra tendência para o setor é que atualmente todos pagam pela conveniência. Para um estabelecimento do segmento pet e veterinário também conseguir se adequar a este momento teria que estar aberto 24 horas. O melhor negócio é o negócio que não fecha, pois responde à conveniência do cliente e à necessidade do paciente. “A gente observa quando acompanha planilhas de empresas de hospitais e clínicas. São muitas as pessoas que optam por vacinar animais em horário de plantão, que é bem mais caro. O negócio saudável é o negócio que tem horário amplo de atendimento e um mix de produtos e serviços bem variado. Então, quando eu preciso de um atendimento de saúde, eu vou no local onde vai me atender de forma completa. Não precisa fazer uma parte ali e deslocar com o animal para outra parte do atendimento. Conveniência, segurança, trânsito… Tudo importa. A tendência brasileira segue o modelo americano, com megalojas entrando no mercado de produtos. Isso faz com que outros estabelecimentos menores se diferenciem pelo relacionamento com o cliente. Teríamos uma diferenciação básica em estabelecimentos que estão posicionados com mix e preço e outros que estão posicionados com mix e com relacionamento. Por fim enxergo, apesar da crise política, que o mercado voltou a aquecer onde a gente acompanha vários investimentos novos, como a abertura de clínicas veterinárias, hospitais e laboratórios específicos para análises em animais”, declara Carlos Petrucci.
Tendência para o mercado veterinário em 2017
Mais de 50 milhões de cães e 22 milhões de gatos de estimação. Esses números impressionantes, divulgados no ano passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ajudam a entender o sucesso de um dos negócios que mais crescem no Brasil: o mercado voltado aos animais de estimação em geral. Com faturamento previsto de 19,2 bilhões de reais e expansão de quase 7% em relação ao ano passado, o setor resiste à crise. “O mercado veterinário vinha com ascensão devido ao aumento da produção primária. Mas este ano com a carne fraca, a cadeia de proteína – principalmente bovina – ficou abalada, mas a tendência é retomar, pois a nossa carne é muito bem aceita. Outros mercados que vêm crescendo – fiscalização e comercial e o mercado pet que aumentou muito seu tamanho. O que vemos em dados de mercado, acompanhando a Abinpet – é que 2016 o crescimento foi de quase 5%, chegando a quase R$ 19 bilhões em 2016. E em 2020 deve ultrapassar R$ 20 bilhões. Em 2015 o mercado em geral representou para o PIB mais do que os produtos da linha branca (que contaram com incentivo de ICMS). O mercado pet representou mais do que isso sem incentivo fiscal nenhum. Dentro deste cenário todo existe uma separação de pet service que representa 17% do faturamento brasileiro. Isso não separa o serviço veterinário, especificamente. Mas a nossa tendência positiva é de continuar crescendo na mesma linha. Notamos um viés positivo de investidores, gente abrindo mercados novos. A profissão continua se ampliando. Vamos ganhar espaço cada vez mais voltado à saúde pública. O conceito de saúde única tem vindo forte e o médico-veterinário não atende só animais de produção e pet, tem também fiscalização, alimentos e outras áreas. A minha visão de futuro é de crescimento e novos mercados. Mas o médico-veterinário tem que se preparar. E questionamos o quanto as faculdades de veterinária estão preparando os profissionais para este novo mercado. Não precisamos apenas de técnicos de excelência. Precisamos de profissionais que façam mais do que isso. Ele precisa saber também de relacionamento com o cliente, de administração e de empreendedorismo. O futuro da profissão está focado na formação de um profissional voltado para o mercado e não somente para a parte técnica”, conclui Petrucci.
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