Com a entrada em vigor, nos Estados Unidos, da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, setores diversos — do agronegócio à indústria — já sentem os efeitos da medida. Entre eles está o mercado pet, que exportou mais de US$ 580 milhões em 2024, sendo 86% em rações e petiscos, segundo Abinpet e Instituto Pet Brasil.
Itens como rações super premium, petiscos naturais, tapetes higiênicos, areias de gato e acessórios estão entre os mais impactados pela sobretaxa, o que pode reduzir a competitividade do produto brasileiro frente a concorrentes de países como México e Ásia.
A visão de Ricardo de Oliveira
Para Ricardo de Oliveira, um dos nomes mais experientes do setor — consultor especializado em varejo pet, sócio e diretor de expansão da Bable Pet e fundador do grupo Fórmula Pet Shop, com mais de 30 anos de atuação —, a situação exige reação imediata.
“A sobretaxa imposta pelos EUA reduz a competitividade dos produtos brasileiros e exige uma resposta estratégica imediata. Ajustes rápidos são essenciais para que o setor mantenha sua presença internacional sem perder relevância no mercado doméstico”, afirma Ricardo.
Segundo ele, apesar do impacto inicial, a crise pode abrir espaço para ganhos internos:
“Embora a tarifa represente um baque imediato, pode ser o impulso que o setor nacional precisava. Essa crise pode catalisar a inovação, fortalecendo o varejo pet por meio de mix revisado, fidelização eficiente e foco no consumidor local.”
Novos caminhos para o setor
Com a retração nas exportações, produtos antes voltados ao mercado externo tendem a ganhar maior oferta interna, tornando-se mais acessíveis a lojistas de pequeno e médio porte.
Além disso, a indústria deve redirecionar esforços para: • fortalecer o mercado doméstico, com investimentos em marketing, capacitação e programas de fidelização; • buscar novos destinos internacionais, como América Latina, Oriente Médio, Sudeste Asiático e África, diversificando riscos e criando resiliência; • estimular inovação e adaptação, aproveitando a oportunidade para reposicionar marcas e consolidar presença local.
Assim, embora o “tarifaço” traga desafios imediatos, a análise de Ricardo de Oliveira aponta que o setor pet brasileiro pode sair dessa turbulência mais fortalecido, com um varejo renovado e uma base de consumidores ainda mais próxima.