O assunto é interminável e pode ser visto por vários prismas. Desde o ponto de vista do dono do negócio (“patrão”), que não é líder, não consegue conquistar respeito da equipe, não é o primeiro a entrar e último a sair, enfim, pouco entende de “gestão de pessoas”. Neste caso se poderia “culpar” o patrão pela negligência do colaborador.
Ou se pode também pensar que funcionário responsável, de primeira classe, não cometerá erros apenas porque o patrão não é de primeira classe. Quem tem caráter, o terá sob quaisquer circunstâncias, com ou sem chefe. É demais culpar alguém pelo seu atraso, muito menos o chefe! Como dizia Benjamim Franklin: “Pessoas que são boas em arrumar desculpas, raramente são boas em qualquer outra coisa.”
Atrasar, mesmo que cinco minutos, simplesmente é ser mal-educado, desleixado, irresponsável e total falta de respeito com colegas. Pior quando o atraso é frequente e, normalmente, ocorre sempre com a mesma pessoa. Há funcionários que nunca atrasam, ou apenas sob circunstâncias raras e acidentais. Estas, elas mesmas sentem-se mal, tristes, constrangidas de atrasar. Elas se punem, pedem mil desculpas, pois sabem que não foi intencional e isto é infrequente, foi algo que fugiu a seu controle. Muitos destes têm remorso. Aliás, quando estas falam do sentimento negativo com aquele que atrasa com frequência, em geral, o comentário é uma variação disto. “Relaxa, isto é normal, não precisa ficar se sentindo assim, todo mundo atrasa; se liga, você não atrasou nem 20 minutos; o patrão também chega tarde; o fulano também sempre atrasa, não é só você”. E por aí vai. Ele no fundo acha um “trouxa” quem se sente mal por atrasar.
Como você lida com “atrasadinhos”? Após ler centenas de livros, artigos e teses, em 80% das vezes os atrasados contumazes devem ser despedidos. Isto não é opinião pessoal, mas de estudos. Atrasadinhos, os que faltam, os que falam alto demais, os mal-educados, fofoqueiros, desonestos, que roubam produtos da empresa, enfim, os de caráter duvidoso, pertencem a uma classe de pessoas (mais do que funcionários) que raramente olham para dentro de si e se enxergam e que não estão preocupados com o mundo exterior. Pensam em si, e só. Devem ser despedidos e servirem como exemplo aos demais, como diz Jack Welch, considerado o CEO do século: “Devem ser pendurados em praça pública, como exemplo do que não se deve ser ou fazer.”
É muita falta de consideração atrasar, é falta de solidariedade, companheirismo, coleguismo.
Quando um falta, sobram tarefas para o colega, que aliás, nunca falta ou atrasa, recebe salário parecido e tem que trabalhar mais. É justo? Se você é o atrasadinho, que desculpa você costuma dar? Você acha realmente que as pessoas estão acreditando? Você tem noção do quão nefasto você é à empresa? Do quanto falam de você pelas costas? Você não tem ao menos um pingo de preocupação com seu colega ou empresa? Como você se sentiria se você fosse o dono da empresa e seu colaborador costumasse a atrasar ou faltar? E se um outro colaborador viesse questionar você de injustiça de um atrasar e o outro não ser punido? Como você resolveria?
E os outros 20%? Todos os atrasadinhos precisam ser alertados, receber um feedback, ter uma chance. Todos. Exceção é roubo ou desonestidade. Aí não há segunda chance. Em geral 20% percebem que vêm sendo negligentes, descuidados e mudam. Param de atrasar. Percebem a falta de consideração, mal-educação pelos colegas. Entendem que é desonesto faltar ou atrasar.
O horário de entrada na empresa é de 15 a 20 minutos antes do combinado. Se o horário é 8h da manhã, este é o horário de funcionamento do colaborador (daí a palavra funcionário, que tem uma função), ele precisa atender o cliente às 8h. Logo, precisa ter tudo pronto para iniciar, como vestimentas, maquiagem, computador ligado etc. E
não chegar às 8h para começar a ter tudo pronto às 8h15. Ajuste os horários de entrada e saída, para ficar bom para empresa e colaborador. Muitos trabalham melhor de tarde; algumas pessoas somente “acordam” de verdade após às 10h. Outros às 7h estão muito dispostos. Outros preferem à tarde ou à noite. Seja honesto consigo mesmo, assuma
qual sua característica e procure seu chefe para conversar sobre isto.
Você vai continuar atrasando e criticar a mim? Que eu sou chato? Falar de seus direitos? Ou vai finalmente, sentir vergonha, pedir desculpas a seus colegas e mudar de vida? A decisão é sua!
Prof. Dr. Marco Antonio Gioso da FMVZ-USP
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