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Cuidados com os cães e gatos diante das possíveis substâncias que podem causar intoxicação

Cuidados com os cães e gatos diante das possíveis substâncias que podem causar intoxicação

A intoxicação é definida como alterações que o organismo sofre com a presença de algo tóxico, que gera sinais ou sintomas para que ocorra a alteração orgânica ou patológica. Envenenamento e intoxicação são considerados sinônimos e essa condição é gerada por um agente tóxico.

No ambiente possuem diversos agentes capazes de causar intoxicação nos cães e gatos, nisso, depende
da quantidade que é ingerida e a disponibilidade em que o sistema imune desse animal vai reagir contra esses agentes. Na maioria desses casos, é pela curiosidade e acesso acidental ou pela falta de conhecimento do tutor com alimentos que podem causar intoxicação.

Além disso, as intoxicações em cães representam uma taxa de 70% a 80%, enquanto em felinos a taxa é de 11% a 20%. Isso pode ser explicado pela curiosidade dos cães em investigar tudo pela boca e os felinos, muitas vezes, são mais seletivos.

Muitos desses agentes são agrotóxicos de uso agrícola ou doméstico, raticidas, medicamentos, plantas e alimentos, que podem levar distúrbios gastrintestinais de forma branda ou gerar doenças mais graves, ocasionando a morte do animal de estimação, por isso, é importante o conhecimento de alimentos comuns do cotidiano humano que podem causar envenenamento nos pets.

Os principais alimentos que podem causar intoxicação são a cebola (Allium cepa), o chocolate e o abacate (Persea americana) que estão totalmente inseridos no cotidiano dos tutores e, consequentemente, dos animais de estimação. Dependendo da dose que o animal possa ingerir pode ser letal, pois existem diversos fatores como a concentração da toxicidade, quanto do metabolismo do pet.

Cada um desses alimentos possuem um mecanismo de ação diferente, no caso, do chocolate, em que a substância que causa toxicidade é a teobromina encontrada no cacau (Theobroma cacao) – ingrediente chave para a produção de chocolate a atuação é diretamente no sistema nervoso central. No caso da cebola, os sinais clínicos são gastroentéricos, diarreia e vômito. Já o abacate influência no sistema respiratório.

Além desses agentes, também há os animais peçonhentos, plantas e medicamentos que podem causar intoxicação. Os animais domésticos, semidomiciliados, que possuem fácil acesso a rios, lagos, lixões, matas e terrenos abandonados sem limpeza adequada e construções se tornam mais expostos a picadas de animais peçonhentos, que têm a capacidade de injetar seu próprio veneno na vítima. Em cães podem causar sintomas como salivação, vômitos, inchaço, vermelhidão na boca, taquicardia, diarreia, tremores, secreções bucais e até convulsões, podendo levar o animal a morte.

Casos de intoxicação de animais domésticos é corriqueiro em clínicas e hospitais veterinários brasileiros. Dentre esses casos, o mais frequente é por intoxicação de medicamentos, tais como, o paracetamol. Por ser um fármaco de fácil acesso e devido ao desconhecimento da população sobre seus efeitos nocivos nos animais, aliada ao uso sem orientação ou acompanhamento de profissional qualificado, as intoxicações por este fármaco têm sido recorrentes.

Os felinos são muito mais suscetíveis à toxicidade do paracetamol do que os cães, devido à deficiência da via de glicuronidação e saturação da via de conjugação de sulfato. Em cães, a variação na apresentação clínica e o sucesso do tratamento ocorrem devido a melhor metabolização e a múltiplos fatores fisiológicos interrelacionados, além da necessidade de terapias precoces e agressivas.

No Brasil, já existe a descrição de 113 plantas tóxicas, sendo destaque nas intoxicações em pequenos animais, as plantas ornamentais. Cães e gatos podem ter acesso às plantas tóxicas em seu ambiente, como jardins ou interior de residências. Em cães é corriqueiro o envenenamento por ingestão e; nos gatos além da ingestão é comum eles friccionarem o corpo nas plantas. As plantas que estão em relatos frequentes de intoxicação são: azaleia (Rhododendronsimsii) que contém glicosídeos cardiotóxicos e inibem a bomba de Na+ /K+, o que resulta na diminuição da condutividade elétrica (PLUM-LEE, 2002). Desta maneira, dentre os sinais clínicos destacam-se os cardíacos (taquicardia, bradicardia, bloqueios cardíacos, fibrilação atrial ou ventricular, pulso irregular) e os digestivos (anorexia, cólica com tenesmo, diarreia persistente ou muco-sanguinolenta, dor abdominal, náuseas, vômito e sialorreia). Importante salientar que nos casos envolvendo a azaléia, cica (Cycas revoluta), mamona (Ricinuscommunis L.) e açafrão de outono (Crocusautumnalis), os distúrbios gastrointestinais tendem a aparecer após 6 horas da ingestão.

Em geral, o que leva esses animais a ingerirem plantas tóxicas ocorre devido à curiosidade, erupção de nova dentição, o tédio, a mudança nas rotinas ou ambiente. Para controlar a intoxicação de animais domésticos, a informação sobre a ocorrência de enfermidades que determinados alimentos, plantas e medicamentos podem causar é uma importante aliada. Quando se trata de intoxicação por plantas é extremamente importante, tanto para os veterinários quanto para os tutores de animais, ter o conhecimento da existência de plantas potencialmente perigosas presentes em casa. Por meio do conhecimento dessas plantas ornamentais e o que elas causam, vidas são salvas pela ação imediata dos proprietários e veterinários quando um animal de estimação ingere uma planta venenosa.

O carvão ativado e o captor são utilizados por médicos-veterinários para amenizar a toxicidade no organismo do animal. O carvão ativado possui agentes que contribuem para a absorção da toxicidade no organismo, quando ministrado em até 5 horas, absorvendo a substância tóxica do organismo, diminuindo a quantidade que o sistema digestivo absorverá, excretando pelas fezes. Em relação ao captor, ele é usado em caso de urgências como envenenamento, lavagem estomacal, ingestão acidental (produtos tóxicos químicos, medicamentos, sal e alimentos estragados), ingestão de plantas tóxicas e banhos de carrapaticidas ou outros produtos tópicos. Ele atua também como uma suplementação de vitamina B6, ácido glutâmico e de zinco, nutrientes muito importantes para a saúde do trato gastrointestinal dos animais.

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