Com informação e cuidados adequados, zoonose pode ser curada
Também chamada de “micose profunda”, a esporotricose é uma doença causada por um fungo e pode acometer animais e humanos. O desenvolvimento acontece quando há contato dos fungos com partes profundas da pele, em situações de perfuração ou arranhadura de materiais contaminados, como solo, plantas, madeira, espinhos, folhagens, material em decomposição, entre outros.
Em Salto (SP) foram registrados alguns casos. Segundo o Centro de Controle de Zoonoses da cidade, até dia 02 de agosto de 2022, foram 18 casos da doença, sendo 15 em felinos e 3 em humanos.
A médica-veterinária especializada em medicina felina, Vanessa Zimbres, alerta sobre a forma como a informação é passada para não dar margem a uma interpretação equivocada, como vem acontecendo em comentários feitos nas redes sociais e por moradores da região “Os gatos são os animais que desenvolvem a forma mais virulenta da doença e de maior potencial de infectividade. Mas, o que contribui para o surto da doença é o abandono de animais doentes devido à desinformação e o sensacionalismo”, diz.
Por que a Esporotricose é associada aos gatos?
Vanessa explica que a doen-ça era mais comum em pessoas que trabalhavam em contato direto com o solo, mas hoje está associada aos gatos porque eles se contaminam da mesma forma que as pessoas se contaminavam antes. “Devido a maior susceptibilidade do gato à doença e seus hábitos de arranhadura, ele a desenvolve de uma forma mais agressiva, facilitando a transmissão para humanos e outros animais”.
A profissional esclarece ainda que a doença tem tratamento e cura, tanto para humanos quanto para animais “Os gatos jamais devem ser vistos como um vilão e, quando doentes, ja-mais devem ser abandonados, pois isso contribui para a disseminação da doença. A Esporotricose de Transmissão Felina (ETA) é um problema de saúde pública negligenciado, decorrente de diversos fatores, como ausência de ações de controle, incapacidade de fazer diagnósticos, falta de medicação e, até mesmo, o desconhecimento da população em relação às medidas de controle”, enumera.
“A doença não é considerada grave nos humanos e o tratamento adequado alcança a cura. Em gatos, devido à maior susceptibilidade, o tratamento pode ser um pouco mais prolongado, mas também se alcança a cura. O tutor, seguindo as orientações e cuidados do médico-veterinário, não precisa se preocupar ao realizar o tratamento no seu felino”, complementa Vanessa.
Sintomas e prevenção
Os principais sintomas da doença nos gatos são na forma de lesões na pele, formando nódulos que crescem e podem ulcerar. “Os crescimentos dos nódulos são progressivos e não cicatrizam sem tratamento. Um outro sintoma, menos comum, é quando o vírus se instala nas vias aéreas, levando a quadros de rinite, que também não respondem aos tratamentos convencionais”, explica Vanessa.
Por isso, assim que o tutor perceber qualquer ferida ou nódulo na pele do animal que evolui e não cicatriza, é preciso diagnosticar e iniciar o tratamento adequado com um veterinário.
A especialista ressalta ainda que a melhor forma de prevenção é evitar que os gatos tenham acesso à rua. “Gatos que vivem dentro de casa e recebem boa nutrição, têm mínimas chances de contraírem a doença”, finaliza.