Coordenador da Comac (Comissão de Animais de Companhia) compartilha algumas previsões de tendências para o segmento.
O Brasil conta com o segundo maior mercado de produtos pets do mundo, segundo uma pesquisa da Euromonitor International. E a pandemia não desacelerou o crescimento do setor, que deve fechar o ano com um faturamento em torno de R$ 37 bilhões. Os bons resultados têm atraído mais investimentos para o segmento e gerado oportunidades para quem quer empreender.
Olhando para os movimentos do setor, o coordenador da Comac (Comissão de Animais de Companhia) Leonardo Brandão compartilha algumas previsões de tendências de varejo e mercado para o segmento nos próximos anos.
Resiliência no setor
Muitas áreas sofreram fortes impactos financeiros com a pandemia, mas esse não foi o caso do mercado pet de medicamentos. Leonardo aponta que, historicamente, o setor apresenta crescimento médio entre 15% e 18% ao ano.
“Apesar de um segundo trimestre de crise, como reflexo da pandemia e da retração do varejo como um todo, a expectativa é que possamos fechar o ano de 2020 com crescimento acima da nossa expectativa, que era ao redor de 6% a 8%. Tudo aponta para uma forte recuperação do setor de saúde pet, com uma expectativa de que 2021 seja um ano dentro da média histórica de crescimento”, revela.
Ele ressalta que, apesar de possuir características próprias, o mercado pet é sensível à queda do varejo. Caso ocorra uma segunda onda da pandemia e o retorno da restrição da circulação das pessoas, esses números poderão mudar “O ponto importante que eu vejo é que essa recuperação acelerada no terceiro trimestre de 2020 se deve a um fator interessante: aparentemente, a reclusão das pessoas em casa e o maior contato com os seus pets fez com que os tutores prestassem mais atenção às suas necessidades, o que pode ter um dos motivos da aceleração do setor”, observa.
Foco na saúde animal
Segundo a pesquisa Radar Pet da Comac, grande parte dos brasileiros enxerga os pets como um filho ou membro da família. Por conta disso, a saúde dos animais de companhia é considerada tão importante dentro do lar quanto as das demais pessoas. Também existe uma grande preocupação com o envelhecimento do pet e o cuidado com a saúde preventiva dos animais.
Essa forte tendência de uma relação mais próxima entre os tutores e seus pets é o que leva ao aumento de vendas no setor de saúde pet, que deve fechar com crescimento, como comentado. No entanto, alerta Leonardo, ainda há muito espaço para crescer: “Boa parte dos tutores não faz cuidados preventivos com o seu pet, levando ao veterinário apenas quando o animal já está doente, apresentando sintomas”, ressalta.
Predominância dos gatos
Apesar dos cães ainda predominarem nos lares brasileiros, os gatos têm ganhado espaço e devem se tornar maioria nos próximos anos. Leonardo Brandão aponta que, em geral, os felinos costumam ser o primeiro contato de pessoas com os animais de companhia, principalmente para famílias de classe C. Além disso, o número de gatos conta com um crescimento 3 vezes maior do que os cães dentro do Brasil, segundo os dados da Comac.
“O gato é um animal de entrada para muitas pessoas e famílias. No Nordeste, por exemplo, há já uma predominância dos gatos. Um dos possíveis motivos para isso, além do perfil do animal, é um custo mais baixo mensal. Pela velocidade de crescimento da população de gato e tendência de urbanização, e menos espaço de moradia, acreditamos que eles vão ser o pet do futuro”, observa.
Adoção de animais
A adoção de animais tem sido uma tendência no setor pet e deve continuar em alta nos próximos anos. A prática é uma das principais formas de trazer os bichinhos para dentro de casa, de acordo com a pesquisa da Comac. Os dados mostram que 33% dos cães e 59% dos gatos presentes nos lares brasileiros foram
adotados. Além da adoção, a origem mais comum dos pets é como um presente para os tutores, o que não exclui a possibilidade deles terem sido resgatados.
Em território brasileiro, existem aproximadamente 84 milhões de animais de companhia e a estimativa é de que o número chegue a 101 milhões de animais até 2030, um aumento de 26% da população atual.