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O uso do alho como fitoterápico para peixes

Essa não é uma prática recente. Os primeiros registros são datados de 3000 a.C. no império da Babilônia. No Brasil, antes da colonização portuguesa, os índios curavam problemas estomacais e infecções com o auxílio de alguns vegetais nativos, como caju (Anacardium occidentale), maracujá (Passiflora sp.) e a mandioca (Manihot esculenta).

E por que as plantas curam? Assim como qualquer outro ser vivo, as plantas possuem mecanismos de defesas e atrativos para a reprodução. Esses mecanismos são chamados de metabólitos secundários, ou seja, são compostos produzidos pelas plantas, que não estão relacionados diretamente ao crescimento, desenvolvimento ou reprodução.

Na produção animal, a utilização desses compostos é uma prática recente e tem ganhado destaque, pois o poder de alguns vegetais em estimular o sistema imune já foi testado obtendo resultados positivos como o aumento significativo da capacidade das células de defesa dos organismos em destruírem as bactérias que causam infecção, aumento da atividade das enzimas que degradam tais bactérias, tendo um acréscimo na resistência a doenças, o que proporciona maior sobrevivência e lucratividade nos sistemas de cultivo.

A utilização de fitoterápicos não está somente atrelada ao sistema imune dos animais. Esses aditivos ainda podem promover um maior ganho de peso, pois, quando adicionados às rações, eles volatilizam, o que torna a ração mais saborosa, estimulando tanto o consumo quanto a secreção de enzimas digestivas, o que resulta em maior aproveitamento do alimento. Eles também podem manipular a microbiota intestinal, selecionando um determinado grupo de bactérias que propiciam benefícios.

Dentre os fitoterápicos mais pesquisados na produção animal, o alho (Allium sativum) merece destaque. O alho é uma hortaliça que apresenta propriedades peculiares, por ele ter na sua composição elevada quantidade de minerais, aminoácidos e compostos sulfurados. Na aquicultura, foi demonstrado por Shalaby et al. (2006) que a inclusão de 3% de alho em rações de tilápia atuou como promotor de crescimento, além de diminuir a carga bacteriana, beneficiando a saúde animal. Talpur e Ikhwanuddin (2012) observaram o efeito imunoestimulatório do alho sobre a perca gigante (Lates calcarifer) e demonstraram que o alho pode ser utilizado tanto como elemento terapêutico como promotor de crescimento.

Em estudos com peixes ornamentais, observa-se que a utilização de alho na água pode ser eficiente no tratamento contra o ectoparasita ictio, como observado por Kanani et al. (2012) usando molinésias e verificando que o uso de 0,1g de alho por litro de água foi suficiente para extinguir o ictio em 5 dias.

Outro ectoparasita que pode ser controlado com a utilização de alho é o monogenético Gyrodactylus turnbulli, sendo empregado na forma de banhos ou incluso na ração, entretanto a utilização de ração é menos arriscada, visto que altas concentrações de alho em banhos podem levar à morte dos peixes, como demonstrado por Fridman et al., (2014) para guppys. Para espadinhas, a adição de 1,5% de alho na ração acelerou o crescimento e aumentou a resistência contra a bactéria Aeromonas hydrophila (Kalyankar et al. 2013).

Pelos benefícios da utilização de alho para peixes encontramos rações, principalmente para peixes ornamentais, contendo esse ingrediente em sua composição. Porém, assim como qualquer outro aditivo, a adição excessiva desse fitoterápico pode causar efeito deletério no consumo de alimento e até intoxicação dos animais, sendo de fundamental importância consultar um zootecnista, para que ele possa desenvolver uma ração balanceada, com níveis adequados de cada ingrediente.

 

Kauana Santos de Lima é zootecnista e doutoranda da UFBA. kslima@ymail.com

Filipe dos Santos Cipriano é zootecnista e doutorando da UFMG. filipecipriano@hotmail.com

 

 

 

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