O mercado voltado para os gatos cresce em faturamento pelo mundo todo
O mercado dedicado aos felinos, no Japão, movimentou nada menos que 1,969 trilhão de ienes (cerca de
R$ 77 bilhões) só no período de 2021. Os cálculos de Katsuhiro Miyamoto, professor emérito da Universidade de Kansai, o levaram a batizar o fenômeno de “nekonomics” — efeitos econômicos dos gatos.
A pesquisa levou em consideração os gastos com alimentação, produtos essenciais e cuidados veterinários, além de empreendimentos gerados pela paixão japonesa por felinos.
Mesmo quem não tem animal de estimação em casa costuma frequentar cafeterias temáticas e
pontos turísticos, como as ilhas conhecidas pela concentração de felinos, só para fotografar e tocar nos bichanos.
Aqui no Brasil o mercado de gatos, nos últimos anos, vem conquistando o coração dos brasileiros. De
acordo com o Censo Pet IPB (2022), a população de felinos em lares domésticos, no País, subiu de 25,6 milhões (2020) para 27,1 milhões de indivíduos em 2021. O crescimento da população felina segue uma tendência mundial.
Uma pesquisa realizada pela Euromonitor International revela que o mercado brasileiro de cuidados com pets cresceu cerca de 86,4% entre os anos de 2016 e 2021 e, em âmbito global, o faturamento do setor foi de 139,2 bilhões de dólares, em 2021. E não se trata de um fenômeno japonês ou brasileiro, nos EUA hoje se tem mais gatos que cachorros nos lares e a tendência segue no velho continente. Ainda segundo o Censo Pet IPB: com alta recorde de 6% em um ano, gatos lideram crescimento de animais de estimação
no Brasil.
A pesquisa também apontou que o Brasil encerrou 2021 com 149,6 milhões de animais de estimação, um
aumento de 3,7% sobre os 144,3 milhões do ano anterior. Os cães lideram o ranking, com 58,1 milhões de indivíduos. As aves canoras vêm em segundo, com 41 milhões. Os gatos figuram em terceiro lugar, com 27,1 milhões, seguidos de perto pelos peixes (20,8 milhões) e depois vêm os pequenos répteis e mamíferos (2,5 milhões). Nesse período, a população de gatos registrou elevação de 6% (de 25,6 milhões para 27,1 milhões), o maior crescimento entre as espécies no período e o maior aumento anual de felinos
desde o início do levantamento, em 2018. Os peixes vêm em segundo lugar, com 4,5%, seguidos dos cães
(4%), aves (1,5%) e pequenos répteis e mamíferos (0,8%).
Nos anos anteriores, os gatos já vinham registrando aumento maior em relação aos cães, mas nunca como o do último levantamento (6%). De 2019 para 2020, o índice foi de 3,6%. De 2018 para 2019, 3,4%. Os dados passaram a ser computados em 2018, mas uma estimativa do IPB dos últimos dez anos aponta para um crescimento médio anual de 2,5% entre os felinos.
As razões para o aumento da população felina
Uma possível explicação para esse fenômeno é a verticalização das cidades, afinal o cuidado com os gatos, principalmente em apartamentos pequenos, é mais “simples” se comparado aos cachorros. Seja qual for o motivo, a realidade é que as empresas do setor, principalmente de pet food, precisam estar atentas a essa “invasão” felina no Brasil.
Para Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do IPB, o aumento da população de felinos se
deve a três fatores. “O crescimento da preferência pelos felinos ocorre devido ao envelhecimento da população brasileira, ao aumento de pessoas que moram em apartamentos e que moram sozinhas. Um dos principais motivos é que o gato é um animal que não demanda tanta atenção como os cães”, explica o especialista.
Ainda assim, Marraccini alerta que donos de qualquer animal de estimação devem garantir todos os cuidados necessários para a saúde e qualidade de vida dos pets. “O fato de os gatos terem uma personalidade diferente da dos cães não quer dizer que não exijam cuidados. Quem pensa em ter um
felino em casa tem que ter a consciência de que haverá gastos com tação, saúde, lazer, entre outros”.
Junto com o crescimento da população de gatos, vem a busca dos tutores por mais informações sobre
quais tipos de produtos são os mais adequados para que a qualidade de vida dos felinos seja a melhor possível. Um exemplo disso pode ser visto no último levantamento da Special Dog Company, que mostrou que, desde 2020, 67% dos novos produtos lançados pela companhia foram direcionados
aos gatos. “Um dos lançamentos foi a linha Special Cat Ultralife, que possui alimentos secos e úmidos completos, com diversos benefícios e funcionalidades para uma melhor qualidade de vida dos felinos.
Com pouco mais de um ano desde o lançamento, ela já está entre as quatro principais marcas Premium Especial para gatos, no Brasil”, conta Mateus Arrobas Martins Homse, Analista de Gestão de Produtos da Special Dog Company.
Mediante este cenário, os alimentos úmidos representam uma categoria de pet food que tem crescido ano após ano no Brasil, tendência essa já observada nos Estados Unidos e Europa. “Contamos com 32 produtos para gatos, destes, 15 são úmidos (sachês e patês), ou seja, 47% do portfólio e pretendemos trazer para o mercado, ainda em 2023, mais produtos úmidos”, conclui Homse.