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Ingredientes funcionais na alimentação dos peixes

Cada vez mais a comunidade científica tem-se interessado pela temática da alimentação equilibrada na manutenção da saúde, produzindo inúmeros estudos com o intuito de comprovar a atuação de certos alimentos na prevenção de doenças.

Na década de 80, começaram a ser estudados no Japão, alimentos que além de satisfazerem às necessidades nutricionais básicas desempenhavam efeitos fisiológicos benéficos. Em 1991, esta categoria foi regulamentada, passando a ser chamada, em português, de Alimentos Funcionais ou Nutracêuticos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), alimentos funcionais são aqueles que produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos no crescimento, desenvolvimento, manutenção e em outras funções normais do organismo humano. O alimento ou ingrediente com propriedades funcionais, além de atuar em funções nutricionais básicas, desencadeia efeitos benéficos à saúde. Ele deve ser seguro para o consumo sem supervisão médica.

Há muito tempo tem-se considerado que o alho (Allium sativum) possui diversos efeitos benéficos para humanos e animais, exibindo propriedades antimicrobianas, antioxidantes e anti-hipertensivas (Konjufca et al., 1997; Sivan, 2001). Pesquisas anteriores sugerem que estas propriedades são principalmente atribuídas a componentes bioativos do alho, incluindo com postos sulfurados como a alina, dialisulfidos e a alicina.

A alicina é o composto mais abundante, representando 70% de todos os tiosulfinatos presentes no alho, que tem-se mostrado hipolipidêmicos (Sumiyoshi, 1997), antimicrobianos (Kumar & Berwal, 1998), anti-hipertensivos (Suetsuna, 1998), hepatoprotetores e inseticidas (Wang et al., 1998). O extrato de alho também tem mostrado reduções nos níveis de colesterol (Augusti, 1977) e demonstrado atividade antifúngica (Fromthing & Bulmer, 1978).

Descobriu-se também que a S-alil cisteína, presente no alho amassado, inibe o metabolismo tumoral e aumenta a resposta imune (Sumiyoshi, 1997). De acordo com Corzo-Martinez e colaboradores (2007), além de outros autores, o alho pode auxiliar no controle de patógenos, especialmente bactérias e fungos e melhorar o bem-estar dos peixes (Adetumbi et al., 1986; Ress et al., 1993; Wei & Musa, 2008; Aly et al., 2008).

O alecrim (Rosmarinus officinalis) já é bastante conhecido por ser fonte de ativos metabólitos (Karamanoli et al., 2000) e por seu uso na medicina tradicional. Em estudo realizado em 2004 por Abutbul e colaboradores, foi verificado que este ingrediente, quando utilizado em ração para tilápias, reduzia significativamente a taxa de mortalidade de animais infectados por Streptococcus iniae e não trazia efeitos tóxicos aos peixes. Em 2000, Karamanoli et al., já haviam testado os efeitos dos principais compostos constituintes do alecrim contra patógenos bacterianos que atacam plantas. Além disso, compostos presentes no alecrim já comprovaram sua eficácia contra uma série de patógenos (Inouye et al., 2001).

Ervas medicinais são utilizadas na China há milhares de anos. Elas contêm muitos tipos de compostos ativos como polissacarídeos, alcaloides ou flavonoides, cujas atividades imunoestimulantes têm sido largamente estudadas em ratos, aves e linhagens de células humanas.

O chá-verde (Camellia sinensis) contém muitos componentes que possuem propriedades antitumorais, antivirais, anti-inflamatórias, antioxidativas, antiproliferativas, antibacterianas  e antiparasíticas (Isogai et al., 2001; Molan et al., 2004; Crespy & Williamson, 2004). Alguns estudos (Qiu et al., 2002, 2004) mostram que dietas de carpas (Carassius auratus) suplementadas com ervas medicinais chinesas (dentre elas o chá-verde) aumentaram significativamente o crescimento dos animais, a atividade das proteases no intestino e a digestibilidade aparente de proteínas e gordura.

Os mecanismos envolvidos nos efeitos imunoestimulantes do chá-verde ainda não estão claros, mas podem ser atribuídos a um ou mais componentes, especialmente catequinas, flavonoides, flavononas, ácidos fenólicos, glicosídeos. Estes componentes possuem poderosos antioxidantes naturais que protegem os componentes celulares contra o estresse oxidativo.

Os óleos essenciais de algumas ervas também têm sido estudados de forma isolada e sinérgica como tratamentos alternativos aos medicamentos usados tradicionalmente contra fungos e bactérias. Espécies como o tomilho (Thymus vulgaris), a sálvia (Salvia officinalis), o eucalipto (Eucalyptus globulus) e a hortelã (Mentha piperita) têm mostrado excelentes resultados na prevenção de infecção por fungos em ovos de peixes (Mousavi et al., 2009).

Os compostos de importância mais significativa nestas espécies vegetais (1,8-cineol, thymol, cânfora, mentol, menton, α-tujona) mostraram atividade antifúngica para diversas linhagens de fungos (Adam et al., 1998, Burt, 2004, Pina-Vaz et al., 2004). Além disso, a hortelã vem sendo estudada como antifúngico e antiparasítico (Paz et al., 2002, Paz et al., 2006).

Aline Nunes Coelho é bióloga, mestre em Zoologia.

 

 

 

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