O descarte de peixes ornamentais é uma prática extremamente comum, que pode parecer inofensiva para a maioria das pessoas, devido principalmente à carência de informações no ramo.
Alguns dos motivos para o descarte são devido a problemas com animais enfermos, onde o dono não conseguiu encontrar tratamento adequado para esse animal e fica com receio de contaminar as espécies restantes presentes no aquário, quando o animal se torna muito grande para o tamanho do aquário, quando não há compatibilidade entre as espécies, quando se deseja inserir novas espécies, ou até mesmo pelo fato de o proprietário não desejar ter mais o aquário e acabar com o hobby.
Diante dessas situações, sem saber o que fazer com o animal e para não sacrificá-lo, o descarte é feito no ambiente natural e pode ocorrer em rios, lagoas, lagos de propriedades rurais e urbanas e esses animais podem migrar e chegar a bacias dos quais não são nativos. Apesar da prática ser bastante comum, o descarte irregular de animais e peixes não nativos é considerado um crime ambiental.
Uma das maiores consequências é o fato de ser prejudicial a outras espécies nativas que habitam na região afetada, pois, se a espécie introduzida não for nativa da região, ela pode comprometer as outras, reduzindo a densidade populacional. Pode causar também produção de híbridos, competição, invasão biológica e pode afetar a qualidade da água, além de ameaçar a biodiversidade local.
Pesquisadores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) já encontram espécies como o Betta, Oscar e Espada na região do Paraná e afirmam que retirar todas as espécies não nativas das bacias é inviável.
Uma das soluções encontradas para amenizar o descarte irregular de peixes ornamentais é a conscientização em lojas do ramo de aquarismo e criadores, além da divulgação na internet. É importante que os lojistas avisem e incentivem os clientes a não descartarem esses animais na Natureza, e sim a levar esses peixes aos donos das lojas que possam receber esses animais; ou também incentivar a serem trocados, vendidos ou doados em fóruns e grupos de redes sociais; e a jamais serem descartados em ambiente natural.
Amanda Fernandes é zootecnista pela Unesp de Jaboticabal-SP e integrante do Caunesp (Centro de Aquicultura da Unesp). amandafernanddes@hotmail.com