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Parecia transformação, mas era “silada” (sic)

Essa frase do Cesar Gon, fundador e CEO da empresa em que trabalho, tem martelado – on and on – na minha cabeça. Pois ela diz, em apenas três linhas, muito, ou tudo, do que tem feito grandes – e relevantes – empresas falharem em seus processos de transformação todos os dias.

Áreas de inovação, departamento de inteligência de negócio, investimento em P&D, time de Transformação Digital… Muitas das iniciativas de TD começam assim: como iniciativas. Em salas fechadas. Com pessoas predeterminadas. Todas escolhidas a dedo por terem o ‘tal-do-mindset-digital-que-tanto-precisamos’.

Esses profissionais se dedicam, montam processos, apontam dedos, reconhecem os erros, levantam bandeiras, engajam os demais. Mas nada acontece. A iniciativa perde força, perde sponsor, perde significado dentro da corporação.

Pois é, parecia mesmo ser transformação, mas era só “silada” (sic). Eram apenas iniciativas isoladas em silos, sem grande conexão com o negócio, sem grande engajamento top-down da liderança e, principalmente, sem qualquer clareza de qual era o impacto que era esperado. Tudo isso se deve, em grande parte, em focar – quase exclusivamente – na mudança de práticas e introdução de novas tecnologias, mas sem haver previsão de geração de impactos positivos, a curto prazo.

É, impacto de negócios agora é o nome do jogo da transformação digital. Recentemente, fizemos uma pesquisa com mais de 150 executivos, todos em cargo de liderança, e constatamos que para 80% dos C-Levels, a transformação digital já impacta seu mercado de atuação. E, para 70% deles, colocar e sustentar de pé uma operação digital efetiva é, justamente, seu maior desafio.

Ou seja, já não estamos falando de uma onda que está longe no horizonte. Ela está aqui, chacoalhando tudo e todos.

Quando voltamos à questão dos silos, a pesquisa traz mais algumas pistas de onde – de forma prática – estamos errando: as 3 principais barreiras para a transformação são apontadas como sendo cultura da empresa, burocracia interna e áreas muito departamentalizadas. Nessa esteira, ainda, mais de 76% afirma que encontra grandes dificuldades em convencer as demais lideranças da empresa da importância da realização do processo; e quase 70% concorda com a afirmação de que a empresa não tem condições financeiras e/ou de agenda para dedicar-se à transformação digital.

Esses números corroboram com um outro achado desse levantamento – o gap entre “eu” estar preparado e “minha empresa” estar preparada: apesar de 84% dos respondentes acreditarem estar pessoalmente prontos para enfrentar o desafio, apenas 71% consideram que suas empresas também estejam.

É, a extinção desse gap e a construção de uma TD efetiva são um desafio especialmente maior para as grandes empresas, construídas historicamente em estruturas robustas e, por consequência, mais lentas por natureza. Mas a boa notícia – sempre tem! – é que é possível, ao subverter a ordem do raciocínio, conquistar sucesso. Muitas já fizeram, ou estão fazendo, essa travessia e, como somos participantes e testemunhas, posso dar uma pista.

Qual? Comece pelo fim. Comece pelo impacto. E, se não entendeu por que, releia a frase com a qual inicio esse artigo e olhe para dentro da sua companhia. Ela está mais perto da transformação ou da irrelevância?

 

Marcelo Trevisani é CMO da CI&T.

 

 

 

 

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